segunda-feira, 11 de maio de 2009

A Mãe


Pizza, pastel, esfiha, arroz, feijão, macarrão, quem conheceu dona Celiza, amou mais do que suas delicías. Casa cheia, muita comida e todos juntos e misturados, foi assim que fomos criados. No meio das tias e dos amigos, minha casa era repleta de gente que chegava a toda hora.

De seios fartos, olhos grandes e boca pequena não deixava de falar o que pensava e sua sinceridade e franqueza, quase que inconvenientes, eram desculpadas pelo seu jeito simples e acolhedor.

Quanta sabedoria tinha Dona Celiza!! Já conhecia da cosmetologia natural, do reaproveitamento e da reciclagem. Claro que tudo a seu modo !! Das cascas das frutas, legumes e água de arroz fazia seus balsámos de beleza para a pele e adubos para as plantas, se era bom pra um poderia ser bom para o outro, dentro da lógica dela. Tudo me parecia muito maluco e bizarro naquela época, ver minha mãe com mamão e pepino no rosto, era no mínimo engraçado. Me vi fazendo isso inúmeras vezes depois de mais velha para surpresa dos meus amigos, que se admiravam que eu também abraçava árvore.

Nada era desperdiçado na minha casa! Tudo podia virar alguma coisa para alguém. E isso poderia ser para cachorro, gente, terra ou qualquer que fosse a coisa, ela inventava uma utilidade ou um destino. Marcia e eu, sem saber, aprendemos isso com ela, tudo tem jeito ou a gente dá um jeito. Longe de avareza ou da mesquinhês, era generosidade e gratidão. Ninguém nunca saia da minha casa sem algo, de um pratinho, uma bronca ou um conselho e carinho, tudo era repartido. As broncas e os conselhos eram distribuídas para irmãos, cunhados,vizinhos, filhos ou amigos dos filhos, ninguém escapava.

Ela era canhota como eu e não se cansava de me dizer o quanto a minha vida já era mais fácil do que a dela tinha sido. O que não me confortava nem um pouco quando eu tentava abrir uma lata e o abridor insistia em não me ajudar. Mas isso também reaproveitei, hoje tenho duas mãos boas e insisto em dizer para o meu filho, canhoto, que é só uma questão de jeito e adaptação.

De cabelos negros, pele morena, sorriso franco, histórias engraçadas e tristes, de saúde frágil minha mãe foi cedo deixando ensinamentos para uma vida toda.

2 comentários:

  1. Moniquinha,
    só hj li tudo desde o texto sobre a Tia. Que delícia de texto você tem! Você se transforma escrevendo...não que não dê para antever pelas frestas de suas conversas ao vivo a e a cores essa que escreve...mas agora, se materializando, estou encantada!
    Siga contando suas histórias para deleite de todos os seguidores desse blog e para a gente ir sempre conhecendo um pouquinho mais dessa pessoa mágica e encantadora que você é.
    Beijos de sua fã agora literária
    Montek

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  2. ih Monte ...rs este é um espaço para amigos mesmo.Aqueles que quero cada vez mais perto, com quero aprender mais a cada dia e conviver sempre.
    Que bom que você gostou! Que esse nosso espaço seja mais um veículo de trocas amorosas
    bjs quéeeerida

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