quinta-feira, 4 de junho de 2009

Chinatown


Brasileiros sempre tem uma história engraçada de viagem para contar. Uma gaúcha e uma paulista tem várias boas histórias. E foi assim que ouvi essa por ai...
E você, conhece Chinatown ?
Elas também não conheciam. Pra te ajudar a localizar, é só imaginar uma mistura de 25 de março com o bairro da Liberdade em São Paulo que você achou o lugar em Nova York.

As duas tinham pouco tempo e por isso chegaram cedo no bairro. Tão cedo que não tinha nada aberto.

Mas você acha que alguém segura mulheres a procura de pechinchas? Tô vendo sua cara ...nem pensar, não é ?!

Era um frio típico de janeiro naquele lugar do mundo, onde todos se vestem com várias camadas de roupas: começa com uma meia calça, uma calça inteira, depois uma segunda pele, logo após uma camiseta de algodão de mangas compridas, para depois vir uma roupa que se apresentará coberta por uma malha que será recoberta por um casaco , gorros, luvas, botas. Ufa! A única coisa boa de tudo isso é que se você for se pesar, vai sair de lá super feliz porque pode descontar uns 5 quilos e dizer que era tudo roupa pesando. Mesmo que a roupa só pese uns 2.

A Gaucha tinha a maior prática de viagens e a paulista se rodasse duas vezes em volta de si mesmo já não sabia mais nem quem era ela naquele país. Então a Paulista podia perder luvas e gorros neste ritual de põe e tira roupa em cada lugar que entravam, mas não podia se perder da amiga experiente. Este era seu foco. O da outra era achar um lugar onde poderiam encontrar verdadeiros tesouros prometidos.

Quando tudo parecia perdido no deserto das ruas orientais, eis que uma porta se abre. Pronto! Os olhos das duas brilhavam no meio de bolsas, malas, lenços, pashiminas. Paraíso dos presentes e as oportunidades eram exploradas pelas duas aventureiras sob os olhares de chineses que procuravam decifrar de que país eram as simpáticas e sorridentes compradoras.

Vendedores natos falam qualquer idioma. Conectaram-se rapidamente e a cada peça que elas pegavam os chineses falavam :

- mui bonito!! mui lindo em você ! Mais barato que 25 mais barato que 25

As duas se entreolharam não acreditando no que estavam ouvindo.

A Paulista que acreditava que falava qualquer idioma, empolgou-se em conversar em uma língua que misturava, espanhol, inglês, mandarim e qualquer coisa que ela achasse que estava sendo entendida. E a vendedora atentamente ouvia . Outro atributo importante de vendas em qualquer lugar deste ou de outro planeta. Ouvir.

Depois que insistentemente a Paulista continuava tentando se comunicar e a Chinesa atenta levantava uma sobrancelha ... a outra ... repetia as mesmas frases sorrindo:

- mui bonito!! mui lindo em você ! Mais barato que 25 mais barato que 25

A Gaúcha que era muito paciente, delicadamente dizia para a Paulista:

- querida, tu achas mesmo que ela está entendendo o que tu falas ?

A outra dando uma gargalhada responde:

- Não sei mas me divirto em tentar. E ela também acha engraçado repetir o que eu falo.

A gaúcha deu de ombros, porque o que ela queria mesmo não estava achando ali. E deixou a paulista continuar a interação transracial .

Quando as duas já estavam desistindo, a Chinesa começou a perguntar em um tom mais baixo :

- Plata, Armani, Vittaon ?? Plata , Armani , Vittaon ??

As duas não entendiam porque ela falava aquilo insistentemente. Então ela pegou um rádio, e falou algo em chinês incompreensível e foi pegando as duas pelo braço e falava :

- GO GO GO ...e apontava para uma parede, onde retirava umas caixas de guarda-chuvas da frente.

A gaúcha arregalou os olhos e antes que tivesse tempo de falar... uma porta se abriu na parede como nos filmes do Batman.

E quando piscou o olho as duas estavam com a Chinesa dentro de um corredor muito pequeno. E a Chinesa com o dedo fazia sinal de silêncio.

As duas pareciam hipnotizadas e continuavam caminhando atrás da vendedora sem respirar.

A Paulista não sabia se estavam sendo raptadas pela máfia, se seriam escravas brancas para algum poderoso Mao... só seguiam e quando tentavam falar algo, a Chinesa se voltava pra elas com o mesmo tom sério e pedia silêncio.

A Chinesa falou novamente pelo rádio e outra porta secreta se abriu, só que desta vez era minúscula e era preciso se abaixar muito para passar. E as duas, você se lembra, estavam com todos aqueles 5 kilos a mais ( de roupa, claro) mais as bolsas e as pastas do congresso onde elas deveriam estar naquele momento. Um volume que parecia absurdo para passar naquele espaço.

A Gaúcha tentou recuar, a Paulista grudou nela e a chinesa desta vez ficou atrás e só falava ...

- GO GO GO ...

A galega entrou primeiro e a poliglota atrás. A Gaúcha disse:

- querida não dá, entalei

A paulista que quando estava nervosa ria, não se agüentou e caiu na risada e foi amolecendo.

A chinesa que vinha atrás, soltou um psiu bravo e as empurrou de uma vez só e caíram em um cubículo que tinha tudo que você pode imaginar de maravilhas penduradas. Bolsas, carteiras, óculos de todos os tipos e jeitos. As mais lindas e as mais famosas.

Neste momento nossa amiga ching ling voltava a ser a delicadeza em forma de pessoa. Pegava cada peça na mão e repetia as famosas palavras que ela conhecia em portunhol:

- mui bonito!! mui lindo em você ! Mais barato que 25 mais barato que 25. Aproveita ! , acrescentou esta desta vez.

E ia colocando as peças nas mãos e os óculos e ela mesmo tirava e punha outros modelos que achava que combinava mais .

As duas continuavam um pouco atordoadas, mas rapidamente esqueceram o que tinha acontecido e o que poderia ser aquilo. Preferiram acreditar que era um depósito reservado para pessoas especiais como elas. Clientes Vips .

Quando pensaram em se empolgar nas compras, o rádio tocou e a japa voltava a ter aquela cara de fugitiva dos filmes de guerra. Mostrando que era pegar ou largar. Não sabíamos o que era pior. Por via das dúvidas acharam melhor pegar.

O mesmo caminho foi feito, as mesmas portas se abriram , as caixas de guarda-chuvas voltaram para o lugar e o pacato vendedor chinês que havia ficado na loja , sorriu para elas no balcão da loja.

As mercadorias já estavam embaladas e na porta as esperando . Pagaram e foram embora, acenando para a chinesa muito bonita e que agora tinha cara de princesa de filme asiático.

Quando entraram no taxi se olharam e caíram na risada sem saber se aquilo era certo ou errado.
Olharam para fora da janela e lembraram que a Gaucha tinha aprendido a perdoar um deslize de um amor que seria para a vida toda e a paulista estava aprendendo a se perdoar também por seus deslizes.

Todo mundo erra ou vai errar algum dia. Atire a primeira pedra...

5 comentários:

  1. Mônica, de que caixa preta vc tira essas histórias? Muito bom, bjs
    Lili

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  2. Ah Lili,

    quando a gente já tem uma certa idade a vida dá de presente ...rs

    bjs querida

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  3. Não temos certa idade, temos a idade certa rs
    Podemos fazer tudo que queremos, até coisas proibidas, ninguém vai nos prender, wuando muito internar kakakakaak
    bjs querida
    Lili

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  4. ô monica, se não postar, as pessoas param de visitar.
    não entende nada da relação cliente(leitor) - empresa (vossa pessoa) né?
    tsc tsc...
    e tem gente que te paga pra ensinar isso pros outros...
    ;)
    rene

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  5. Rene meu filho

    vc tem toda razão

    bjs e obrigada pela preferência volte sempre

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